20/07/2012

CADA VEZ MAIS POPULAR O USO DE MINE TELEVISORES E DVDS DISTRAEM MOTORISTAS E PROVOCAM ACIDENTES

Carro não é lugar para assistir à televisão ou ao DVD. Mas, para quem viaja nos bancos dos passageiros, pode até ser uma opção – desde que o motorista não possa ver as imagens e acompanhar o que está sendo exibido. A resolução 242 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) é clara sobre esse assunto e ainda indica que a tela deve ser bloqueada – ou trazer a imagem do GPS – quando o veículo estiver em movimento.
A questão da instalação de DVDs em carros foi um ponto não-pacífico por algum tempo. Em dezembro de 2003, foi publicada a resolução 153, que proibia a instalação de aparelhos, com exceção feita aos bancos traseiros. Até mesmo o GPS só poderia ser usado com o carro parado. Em março de 2006, mudanças: a resolução 190 permitia que o DVD fosse instalado nos espaços dianteiros. O GPS, com o veículo andando, poderia ser usado apenas com áudio ou com símbolos. Hoje, o uso da imagem cartográfica é liberado. Usa-se a toda hora, inclusive em táxis.

“O Código de Trânsito proíbe que o motorista não esteja com 100% de atenção ao veículo. Não há um estudo a respeito do quanto esse tipo de aparelho causa acidentes, mas em casos de simulações feitas fora do Brasil percebe-se que há muita coisa que tira a atenção do motorista, entre elas o uso de televisores”, afirma o professor Paulo Cesar Marques da Silva, engenheiro especialista em trânsito e membro da Câmara Temática de Educação e Cidadania do Contran. Mais do que a questão dos mini televisores, Marques cita os celulares como os principais motivos de distração dos motoristas. Por serem uma preocupação mais antiga, já ganharam estatísticas: números da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) mostram que 80% dos motoristas fazem ligações e conferem sms e e-mails enquanto dirigem.

“Mas a questão da TV no carro também é preocupante. Talvez seja difícil uma norma que proíba isso, já que é direito dos outros ocupantes do carro poder assistir. E até o motorista pode também ver TV com carro parado. Quanto a isso, óbvio, não há problemas. A questão estaria na educação. É algo que demora mais para apresentar efeitos, mas que sensibiliza pessoas”, afirma o professor.

Diretor da Abramet no Rio, Fernando Moreira apresenta números que podem fazer qualquer motorista ficar de olho vidrado no para-brisa e esquecer os televisores. O médico diz que, dirigindo a 72 km/h, um segundo de distração pode causar a perda de cerca de 20 metros de visão no deslocamento. “E às vezes, uma olhadinha para o lado faz com que o motorista perca 2, 3 segundos. Imagine 30, 40, 50 metros sem a real noção do que está acontecendo?”, espanta-se Moreira. “As pessoas estão correndo esses riscos. Transcorrem longos trechos sem prestar atenção ao trajeto e arriscam-se a choques violentos, sem possibilidade de frenagem”.

Tanto Marques quanto Moreira espantam-se com a quantidade de novidades que aparecem para tirar a atenção do motorista. Para o diretor da Abramet, vivemos tempos em que a atenção está cada vez mais disputada. “Fico abismado com a quantidade de coisas que inventam a cada dia. SMS, internet e agora a TV: tudo para distrair quem está dirigindo. É realmente um grande risco dos dias de hoje”, conta. Para Marques, as leis precisam sempre ter regras gerais para acomodar todas as novidades que surgirem. “E sempre vão surgir mais. Não é razoável querer prever todas as regras gerais e colocais numa legislação. Hoje temos a TV e os celulares. Mas já vi, nas ruas, casos de pessoas que se barbeavam com barbeador elétrico ligado no próprio carro, enquanto dirigiam”, afirma.
Fonte: Trânsito Seguro

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