Semana passada mais de cem mototaxistas ocuparam as ruas da cidade de Caruaru, conhecida como a capital do Agreste pernambucano, para exigir que o poder público fiscalizasse o que eles chamavam de clandestinos. Pediam que a Autarquia de Defesa Social, Trânsito e Transporte de Caruaru (Destra) definisse pontos de mototáxi na cidade e fiscalizasse os outros motoristas que não se enquadraram nas exigências feitas à categoria para a prestação do serviço. Há aproximadamente dois meses Caruaru decidiu ‘legalizar’ os mototaxistas e passou a exigir que, para isso, todos teriam que fazer um cadastro, usar coletes específicos e utilizar motos e capacetes num mesmo padrão. Algo semelhante a uma regulamentação. Não foi ainda porque somente a partir de dezembro é que os cursos para mototaxistas vão começar a ser exigidos e reconhecidos pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
Dias depois, também em Caruaru, foi a vez dos mototaxistas ‘clandestinos’ ou não-regularizados reivindicarem direitos. Também exigiam providências do poder público. Argumentavam que tinham feito um cadastro reserva e, se os outros foram aceitos, eles também deveriam ter o mesmo tratamento. O que aconteceu na cidade retrata bem o que o Brasil viverá a partir de agora. Com a decisão polêmica e questionável do presidente Lula de regulamentar a profissão sobre motos, cada vez mais teremos motoqueiros exigindo direitos e esquecendo deveres. Viraram categoria. E com ela surgem os sindicatos, associações, confederações e por aí vai... Todos com um discurso social na ponta da língua, mas esquecendo a devastação no trânsito e na saúde pública que as motos estão provocando no País inteiro.
Em Pernambuco, por exemplo, o Hospital da Restauração (HR), a maior emergência do Estado, já atende mais pessoas feridas em acidentes de motos do que por tiro. Os ferimentos e mutilações de motos também superaram todos os outros tipos de acidentes de trânsito. Ficou tarde para tentar controlar a epidemia das motos. Nem mesmo com a educação será possível. Ela não conseguiu alcançar os motoristas de carros, que são veículos bem mais seguros. Imaginem os motoqueiros. E mesmo que isso acontecesse, os riscos seriam sempre grandes. Afinal, moto é moto. Nela, a cabeça do condutor equivale ao teto do carro, o tórax é o painel e as pernas o para-choque.
FONTE; JORNAL DO COMÉRCIO
REPORTAGEM:Roberta Soares
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário