Prezados leitores, este estudo realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de
Feira de Santana (UEFS) /BA, sobre os acidentes com mototaxistas é bastante longo e por esta razão estou publicando no blog somente o resumo e a conclusão para que possam ter uma idéia sobre o tema abordado.
Resumo
A utilização da motocicleta como meio de trabalho vem contribuindo para o aumento no número dos acidentes de trânsito e se constituindo em acidentes de trabalho para os mototaxistas. O objetivo deste estudo foi estimar a incidência anual de acidentes de trabalho entre mototaxistas cadastrados em Feira de Santana, BA. Trata-se de um estudo de caráter descritivo e censitário. Foram entrevistados 267 profissionais dos 300 cadastrados na Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito – SMTT, através de questionário estruturado. Procedeu-se à análise descritiva e foram estimadas incidências anuais de acidentes de trabalho segundo as variáveis de interesse. Calcularam-se os riscos relativos e, como medida de significância estatística, utilizou-se o teste de qui-quadrado de Pearson e o teste exato de Fisher, adotando-se p ≤ 0,05. Utilizou-se a regressão logística no intuito de realizar a análise simultânea das variáveis estudadas. Observou-se uma incidência anual de acidentes de trabalho de 10,5%. Ocorreram lesões leves, principalmente ferimentos (48,7%), sendo necessário afastamento das atividades laborais para 27% dos profissionais. Na análise de regressão logística verificou-se associação entre quantidade de dias de trabalho por semana, presença de fadiga em membros inferiores e queixa musculoesquelética e os acidentes de trabalho. O conhecimento acerca das condições de trabalho e dos acidentes envolvidos nessa atividade pode ser de grande importância para a adoção de políticas de educação no trânsito, com vistas à prevenção de acidentes e melhoria das condições de trabalho e de vida desses profissionais.
Conclusão
A atividade de mototaxista absorve uma parcela da população brasileira que não teve acesso à formação escolar e profissional e por esse motivo não conseguiu ingressar e permanecer no mercado formal de trabalho, favorecendo assim a existência desse tipo de trabalho informal em países em desenvolvimento como o Brasil.
Trata-se de uma profissão com precárias condições de trabalho, que exige longas jornadas de trabalho com pressão de tempo e exigência de produtividade, o que pode acarretar efeitos negativos na saúde destes profissionais.
A incidência anual de acidentes de trabalho atingiu 10,5% dos mototaxistas, resultado este que pode ter sido subestimado, em função dos profissionais perceberem que o relato de ocorrência de acidentes pode ser interpretado como uma forma de transporte inseguro, impactando negativamente na demanda por este tipo de serviço. O temor pelas punições legais é outro elemento que pode influenciar o relato de acidente.
Desse modo, o conhecimento proporcionado por este estudo acerca das características profissionais, condições de trabalho e saúde e dos acidentes de trabalho envolvidos nessa atividade pode ser útil para a adoção de políticas de educação no trânsito, com vistas à prevenção de acidentes e também melhoria das condições de trabalho e de vida desses profissionais.
Fonte:Rev Bras Epidemiol2012; 15(1): 25-37
Camila Rego AmorimI
Edna Maria de AraújoII
Tânia Maria de AraújoIII
Nelson Fernandes de OliveiraII
I Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
II Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre Desigualdades em Saúde (NUDES) do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
III Núcleo de Epidemiologia (NEPI) do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
Obrigada Fátima por este espaço no seu blog. Espero que este estudo amplie a visibilidade desta temática para a sociedade, profissionais das diversas áreas e gestores públicos, proporcionando subsídios para a adoção de políticas de prevenção de acidentes de trabalho e também melhoria das condições de trabalho e de vida desses profissionais. Devemos sim, continuar lutando pela regulamentação da profissão de mototaxista em todos os municípios deste país, buscando assim a valorização destes profissionais.
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