Edição: 859 Data:06/02/2009
Mototaxistas denunciam quase 1,5 mil clandestinos
Bruna Mastrella
Mais de 400 mototaxistas fizeram uma passeata pelas ruas de Goiânia para protestar contra a falta de fiscalização para impedir a atuação de falsos profissionais. A estimativa é que 1,5 mil clandestinos circulem pela cidade, mesmo sem o curso de formação obrigatório e o seguro de vida que protege os passageiros em caso de acidentes. Os mototaxistas reclamam de concorrência desleal, pois para conseguirem a permissão para transportar passageiros precisam custear um curso de treinamento em direção defensiva e obter documentos como certidão negativa de débitos e tributos e de antecedentes criminais, além de pagar o seguro de vida para os passageiros. Eles precisam, ainda, recolher tributos como o Imposto sobre Serviços (ISS) e INSS. O presidente do Sindicato dos Mototaxistas e Motofretistas Autônomos do Estado de Goiás (Sindimoto), Wilton Lopes Arruda, informa que há 900 profissionais devidamente legalizados na capital, mas que há espaço para muito mais, inclusive para absorver o contingente de não legalizados. Além de perderem serviço para os não-registrados de Goiânia, ele afirma que profissionais credenciados ao município de Aparecida também estariam trabalhando na capital – o que não é permitido.Como não há diferença de preço cobrado por um clandestino e um registrado, Arruda acredita que os usuários procuram o serviço dos primeiros por falta de conhecimento. “É preciso ficar atento aos elementos de segurança que um mototaxista profissional apresenta”, recomenda. Os profissionais, além de terem a moto padronizada em amarelo, também usam coletes na mesma cor. Além disso, tanto os capacetes quanto as laterais metalizadas do veículo contêm o nome e o tipo sanguíneo do condutor, e o número da permissão. Antes de ligar para alguma central solicitando serviço de mototáxi, ele orienta o cliente a perguntar se os profissionais são registrados na Agência Municipal de Trânsito (AMT). Além de cobrar maior apoio dos órgãos de fiscalização, o Sindimoto pretende melhorar a imagem da categoria junto à sociedade, principalmente para pôr fim ao estigma de que se envolvem muito em acidentes e põem em risco a vida de passageiros. “Isso não é verdade. Somos qualificados para prestar serviço de transporte público, ao contrário dos clandestinos”, defende Arruda. Após se concentrar em frente à sede da AMT, o mototaxistas se reuniram com uma comissão designada pelo presidente do órgão, Miguel Tiago. Ele garantiu que o trabalho de fiscalização está sendo feito, mas que sofreu algumas falhas por causa da transição de gestores. Contudo, um plano de trabalho será elaborado para atender às reivindicações. Hoje pela manhã representantes do Sindimoto devem entregar ao Ministério Público uma relação com o nome e endereços de supostas centrais de mototaxistas clandestinos de Goiânia. Embora tenha passado pelo curso de direção defensiva e obtido os documentos necessários para a legalização, G.F.R., 56, conta que foi barrado porque sua moto tem mais que cinco anos de fabricação – um dos requisitos obrigatórios. Ele reconhece que até cogitou fazer um financiamento para adquirir outro veículo, mas desistiu ao decidir não tentar um novo registro na AMT. “Paguei R$ 1,8 mil em curso e documentos, sendo que os clandestinos estão dominando as ruas. Para que legalizar? Para levar mais prejuízo?”, questiona. Ele revela que muitos profissionais estão deixando de renovar suas permissões por esse motivo.
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