Não é de hoje que a mobilização de pessoas tem proporcionado grandes vitórias nas sociedades, seja na seara do regime político, da saúde ou da segurança, por exemplo.
Nesse sentido, podemos citar, na história recente do Brasil, alguns fatos marcantes de mobilização social, como foi o caso dos Caras Pintadas, movimento composto, na sua maioria, por jovens estudantes que foram às ruas do país como forma de protesto, de pressionar a classe política, bem como pedindo o impeachment do então Presidente da República, Fernando Collor, que estava sendo acusado de participar de um esquema de corrupção integrado por grandes empresas empreiteiras (MOTA, 2002, pg 552).
Outro fato que merece destaque e que, embora ainda não tenha sido cumprida em sua plenitude, mas que houve grande mobilização por parte da sociedade, foi a edição da chamada Lei da Ficha Limpa, uma norma que permite apenas que pessoas de conduta ilibada, que não respondam e que não tenham sido condenadas em processos criminais a concorrerem eleições para os cargos eletivos dos poderes executivo e legislativo.
Assim, poderíamos enumerar vários exemplos de mobilização social que deram certo, não só no Brasil, mas em outros países, como é o caso da chamada Primavera Árabe (movimentos populares ocorridos a partir de 2010 em vários países árabes como a Síria, Egito e outros, os quais buscavam a queda de regimes autoritários.). Contudo, o que queremos é fomentar nos leitores a necessidade de se mobilizar, enquanto cidadãos livres, na busca de um trânsito mais seguro, o qual tem tirado de nossos convívios, pessoas que amamos.
Para se ter noção do perigo no trânsito do qual todos nós corremos no cotidiano em nossas cidades, basta verificarmos os dados horripilantes registrados de acidentes. Números apresentados pelas Organizações das Nações Unidas – ONU, dão conta que morreram no Mundo no ano de 2009, cerca de 1,3 milhões de pessoas, já no Brasil em 2010, segundo dados apresentados pelo Ministério da Saúde, morreram 40.610 pessoas vítimas da violência no trânsito, é como se dizimássemos toda a população da cidade de Turiaçu no Maranhão, conhecida pelo cultivo do abacaxi considerado o mais doce do País e possui 33.933 habitantes, segundo dados do censo 2010 do IBGE. Portanto, algo extremamente preocupante, prova disso que a ONU instituiu, em 2005, o terceiro domingo do mês de novembro, como o dia mundial em memória das vítimas de acidentes de trânsito, bem como, definiu o período de 2011 a 2020 como sendo a Década Mundial de Ações para a Segurança no Trânsito tendo como objetivo a redução em até 50% no número de vitimas fatais no trânsito.
Contudo, não podemos ficar a esperar apenas ações do ente estatal, é necessário, pois, que nos mobilizemos para revertermos esse cenário de guerra com a adoção de ações individuais que devemos tomar e que, sem sombra de dúvida, refletirão na segurança do trânsito. Condutas simples como sair de casa mais cedo para não ter que acelerar demais seu veículo; parar o veículo para falar ao celular; parar seu veículo para só então mudar a estação de rádio ou a faixa musical; colocar o cinto de segurança antes de ligar o veículo; dar a preferência; atravessar a via na faixa destinada aos pedestres ou na falta desta somente quando estiver em segurança; pedir desculpa ao cometer pequenos erros; dizer “Jesus te ama” ao ouvir alguma ofensa verbal, além de várias outras atitudes que podem ser tomadas para melhorar a segurança no trânsito. É difícil? Lógico que é, porque somos pessoas cheias de defeitos, mas nós precisamos confiar e dar a volta por cima.
Igualmente, aliada a essas condutas individuais sugeridas para a almejada segurança viária, existem movimentos sociais organizados que buscam mudar o trágico cenário apresentado por meio dos números de vítimas da violência no trânsito. Tais movimentos fomentam a mudança comportamental dos usuários das vias, ou seja, condutores e pedestres, assim como o interesse dos órgãos competentes na aplicação de políticas públicas voltadas às melhorias da malha viária, da fiscalização e da educação para o trânsito.
Nesse sentido, podemos citar o Movimento Chega de Acidentes, formado por instituições que militam na área do trânsito como a ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego); o Programa de Valorização à Vida, desenvolvido pela Maçonaria no Maranhão. Enfim, poderíamos mencionar vários outros movimentos sociais que buscam a segurança no trânsito. Contudo, o que queremos é conscientizá-lo da importância da mobilização social para diminuirmos as várias formas de violência no trânsito.
Portanto, mobilize-se, faça a sua parte, mude suas atitudes e una-se aos movimentos sociais de combate à violência no trânsito, para que não tenhamos que chorar a perda de familiares por falta de paciência, respeito, solidariedade, equilíbrio e compreensão no trânsito.
*Oficial da PMMA; Bacharel em Segurança Pública; Instrutor do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da PMMA do Curso de Formação Especial de Sargentos 2008 da disciplina Policiamento Ostensivo Rodoviário de Trânsito; Atualmente Instrutor da Academia de Polícia Militar Gonçalves Dias no Curso de Formação de Oficiais da disciplina Policiamento Ostensivo de Trânsito.
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