20/09/2010

USO DO CAPACETE AINDA NÃO É RESPEITADO NO CEARÁ

Barra do Ceará: nas proximidades do cruzamento formado pelas avenidas Leste-Oeste e Pasteur, motoristas arriscam-se no trânsito sem o equipamento de segurança.

Código de Trânsito Brasileiro prevê multa de R$ 191,54, suspensão do direito de dirigir e recolhimento da CNH

O uso do capacete é lei. Contudo, ainda é possível ver, nas ruas de Fortaleza, motociclistas circulando livremente sem o equipamento de segurança. Para se ter uma ideia, a reportagem flagrou, durante 45 minutos da manhã da última quinta-feira (16), mais de 50 condutores infringindo a lei, somente no cruzamento formado pelas avenidas Presidente Castello Branco (Leste-Oeste) e Pasteur, na Barra do Ceará.

Essa conduta é responsável pelo aumento significativo do número de feridos e mortos em acidentes de motos. Segundo dados do Instituto Dr. José Frota (IJF), neste ano, houve um acréscimo de 18% nos atendimentos em relação ao ano passado. De janeiro a agosto de 2010, foram registrados 3.961 atendimentos. Em igual período do ano passado, o número de feridos que deram entrada na unidade foi de 3.344.

Falta fiscalização

Mesmo diante desses dados alarmantes e da existência da legislação, o desrespeito à lei na Barra do Ceará, por exemplo, já faz parte do cotidiano dos moradores. É o que afirma a cabeleireira Patrícia Celestino. Segundo ela, a falta de fiscalização agrava ainda mais a situação. "Aqui, é possível ver de tudo. Motociclistas sem capacete, calçados com chinelas e andando sobre as calçadas em alta velocidade. A Cidade está sem lei, nunca vi a fiscalização passando pelo nosso bairro", diz.

O funcionário público Cícero de Sousa, 25 anos, um dos motociclistas flagrados pela reportagem sem capacete, ressalta ter consciência de que o equipamento de segurança é fundamental para evitar ferimentos graves em possíveis acidentes de motos. Mas diz também não se sentir confortável com ele, por isso raramente usa-o.

Ele conta que já sofreu dois acidentes, inclusive, numa das vezes, estava com o capacete no braço. Admite que por pouco não morreu. "Eu conduzia a moto em alta velocidade e acabei derrapando numa curva, foi Deus que me salvou, pois não bati a cabeça no chão, só sofri ferimentos nos braços e nas pernas", destaca. Mesmo assim, Cícero continua sem usar o equipamento de segurança.

Já o mecânico Elder Ferreira da Costa não teria tido a mesma sorte se estivesse sem capacete quando um carro atravessou a preferencial e arrastou a motocicleta que ele conduzia. "Bati a cabeça com muita força no muro de uma casa. A pancada foi tão forte que o capacete rachou. Se eu não tivesse protegido com o equipamento de segurança, certamente teria morrido na hora", ressalta o condutor.

Mortes

O presidente da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza (AMC), Fernando Bezerra, reconhece que os acidentes de motos têm sido a maior causa das mortes no trânsito na Capital e afirma ter consciência de que, nos bairros mais afastados do Centro de Fortaleza, o número de motoristas que não usa o capacete é grande.

Contudo, ele diz que é impossível manter postos fixos de fiscalização em bairros como Messejana ou Barra do Ceará, já que o número de agentes não é suficiente para o tamanho de Fortaleza. Segundo Fernando Bezerra, a AMC dispõe apenas de 320 agentes, 45 motocicletas e 20 viaturas, o que torna difícil a fiscalização efetiva em todas as áreas da Cidade. Porém, para amenizar e tentar diminuir o número de infrações, são realizadas rotas de fiscalização em dias alternados. "O problema não se restringe à Barra do Ceará. Em outros bairros afastados, são poucos os que respeitam a legislação vigente".

ENQUETE
O que você acha da exigência do equipamento?

"Se eu sair de casa para a esquina na minha moto, vou de capacete. É difícil o motorista que faz isso. Preferem assumir o risco."
Milton Pinheiro dos Santos
42 anos
Borracheiro

"Acho que é importante. Um dia estava sentada em frente à minha casa, quando uma moto quase me atropelou."

Cristina Machado
64 anos
Aposentada

"Sei que é preciso, mas confesso que, às vezes, não uso porque incomoda. No entanto, já me livrei da morte com ele."

Francisco Ednardo Costa
36 anos
Borracheiro

Segundo o Contran, é obrigatório o selo de certificação expedido pelo Inmetro ou por organismo por ele credenciado em todos os capacetes. Será necessário também, que o capacete possua, nas partes traseiras e laterais, elementos refletivos de segurança. Quem descumprir as normas estará infringido os incisos I e II do Artigo 244 do Código de Trânsito Brasileiro, que prevê infração de natureza gravíssima, multa de R$ 191,54, suspensão do direito de dirigir e recolhimento da CNH.
Fonte:Diário do Nordeste
Karla Camila
Repórter

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