
Projeto quer motocicletas atrás dos veículos, enterrando os corredores laterais que dão mais agilidade, mas podem causar acidentes
Projeto que quer proibir motocicletas nos corredores das ruas e avenidas tem repulsa unânime dos motociclistas
Por enquanto, é só Projeto e ainda não saiu do papel. Porém, o tema tem se espalhado como rastilho de pólvora entre os motociclistas e gerado muita discussão no meio.
Se o Projeto n° 2650/2003, de autoria do deputado federal Marcelo Filho, da Bahia, for aprovado e virar Lei, ela proibirá os motociclistas de trafegarem fora dos corredores, isto é, entre os automóveis nas avenidas e ruas.
No trânsito, na prática, a proposta do Projeto obriga as motos, quando estiverem se locomovendo ou paradas no semáforo, a se comportarem como os automóveis, um atrás do outro, respeitando a distância de segurança que existe entre os veículos.
Sem sentido
No entanto, para ela ser executada, a Lei terá que ser aprovada pelo Senado e sancionada pelo presidente da República.
Valterclar Vieira, presidente do Sindicato dos Mototaxistas de Fortaleza, afirma que a principal característica de veículos de duas rodas é a agilidade e a eficiência. Para ele, o projeto é sem sentido e deverá aumentar ainda mais o engarrafamento que existe em nossa capital.
“Para a categoria que depende (de agilidade) para trabalhar, como fazer pronta-entrega nas motos, por exemplo, o corredor é o único meio viável para escapar do trânsito de Fortaleza”, acrescenta.
Segundo o presidente, os maiores índices de acidentes estão nos cruzamentos e por motoristas alcoolizados. Ele explica que neste espaço não há colisões, já que pilotos estão acostumados a reduzirem a velocidade, principalmente, em sinais fechados.
Valterclar , no entanto, se diz tranqüilo. Ele acredita que esse projeto não “vingará”, ou seja, não passará pelos trâmites legais. “Mesmo porque , se respeitassem essa proibição nos corredores, o tráfego se tornaria ainda pior. Os centros urbanos seriam um caos, pois num trajeto que levaria 20 minutos, com a medida, poderia levar mais de uma hora”, calcula.
Carlos Alberto, que trabalha no dia-a-dia em cima de uma moto fazendo entrega de medicamentos para uma farmácia pelos bairros de Fortaleza, acredita que esse tipo de projeto, ao invés de ajudar, limita o trabalho do profissional sobre as duas rodas.
“No meu caso, o meu trabalho requer pressa e ela é fundamental, pois se relaciona com pessoas enfermas. Numa pronta-entrega, em que o cliente precise de remédios urgentemente, o corredor é que faz a diferença em nossas manobras”, salienta.
Carlos explica que já morou em São Paulo uns oito anos e lá a história é outra. “Os motociclistas ou motoboys como nos chamam são mais respeitados que em qualquer lugar do País. Lá, os carros respeitam os corredores pois eles têm consciência que são vitais para fluir o trânsito”, diz.
O profissional enfatiza que se isso acontecer seu emprego estará em jogo. “Pensando bem, milhares de pessoas ficariam sem atividade. Uma enormidade de serviços que a população necessita com agilidade, como pagamentos de faturas em bancos, entregas de marmitas, entre outros, não seria mais possível de ser realizadas”, prevê. Para ele, a solução do trânsito está em campanhas educativas - tanto para motoristas e pilotos - “e um melhor investimento em sinalização e fiscalização”, finaliza
Fonte: Diário do Nordeste, Fortaleza,29/04/2009
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